sábado, 24 de março de 2012

Homenagem



FRANCISCA ROCHA SILVA

Francisca Rocha Silva (Nenzinha) nasceu em 06 de fevereiro de 1922, na cidade de Jaguaruana-CE e faleceu em 31 de dezembro de 2010, na cidade de Cascavel-CE. Filha de Adolfo Francisco da Rocha e Mariana Loureiro Rocha. Foi à quinta filha de 20 (vinte) irmãos. A origem do seu apelido Nenzinha vem do seu nascimento, quando seus irmãos diziam que tinha chegado a nenenzinha, e todos se acostumaram a chamá-la Nenzinha.
Foi uma filha dedicada e trabalhadora. Ajudava a sua mãe Mariana na fábrica de redes e no cuidado com os irmãos. Cursou, em sistema de internato, até o ginasial no colégio Santa Cecília, depois voltou para Jaguaruana para ajudar a mãe a fim de manter alguns irmãos no colégio e na universidade, custeando as despesas de ensino superior de alguns deles. Foi educada rigidamente da Igreja Católica e desde jovem se engajou nas obras da Igreja Católica em Jaguaruana. Ainda adolescente entrou na Congregação das Filhas de Maria, no Apostolado da Oração e na Ordem Terceira Franciscana.
Enquanto residiu em Jaguaruana foi um braço forte do Padre Aloísio, ajudando nas obras assistenciais da paróquia, principalmente nas festas de Santana. Em 06 de outubro de 1949, casou-se com Raimundo Delfino da Silva, com o qual teve 10 (dez) filhos. Como era acostumada a trabalhar, ao casar, montou, com a experiência que tinha, uma pequena fábrica de redes. Ela trabalhava produzindo as redes e Sr. Raimundo saía vendendo nas feiras do interior do Ceará e Rio Grande do Norte. Depois de algum tempo, começou a viajar pelo norte do país, principalmente, Belém e Manaus.
Com a enchente do açude Orós em 1960, mudou-se para Fortaleza, passando a residir no São João do Tauape e depois no Montese, onde o casal tinha um terreno. Lá construíram um galpão e uma casa e passaram a fabricar as famosas “Redes Santana”, conhecidas em todo o Brasil e exterior, principalmente, na Europa. Apesar de não ter se graduado, afirmava que uma pessoa sem estudo não tinha futuro, que a educação é fundamental na vida de uma pessoa, pois é a única coisa que não podia ser tirada de quem a possuía. Fazia questão que seus filhos estudassem nos melhores colégios de Fortaleza e para isso não media esforços nem sacrifícios. Com essa visão, muitos dos que faziam parte do seu círculo de amizades estudaram com a sua ajuda financeira.
Foi uma ardente defensora do direito de todos saberem ler e escrever. Quando algum dos seus funcionários não era alfabetizado, ela mesma, os ensinava, pegando na mão, mandando cobrir o nome pontilhado no caderno, usando quadro negro com giz (não existia quadro branco com pincel), mandando fazer cópia e caligrafia para melhorar a letra, pois “todos tinham o direito de ao menos escrever o nome”, e saber fazer conta para não ser enganado.
Sua vontade de dividir o que Deus lhe dava com o próximo era inacreditável. Durante muitos anos, sua casa foi residência dos filhos de amigos e familiares de Jaguaruana, que lá moravam para estudar ou fazer tratamento médico. Quando alguém falava, sempre dizia: “Deus dá para que possamos dividir, confio nele que nunca vai faltar, ao contrário, vai sempre aumentar”. Na hora do almoço e jantar, sempre havia amigos, vizinhos e pessoas necessitadas a partilhar da sua mesa.
A sua vontade de catequizar era enorme. Construiu a Capela Santana em um dos sítios da família (sitio José Maria, divisa de Aquiraz e Horizonte) e na inauguração promoveu batismo, primeira comunhão e casamento comunitário, pois eles não podiam viver e serem felizes longe da graça de Deus. No dia do ancião, das crianças e Natal, sempre preparava refeição e presentes para serem distribuídos pelos mais necessitados das comunidades carentes próximas a sua casa. Era uma alegria, providenciando o cadastramento de todos, antecipadamente, para que nada faltasse e ninguém voltasse para casa sem levar seu presente.
Quando os filhos assumiram a administração da empresa, montou uma pequena fábrica de redes no IPPS. Isso nos anos 70, onde não se falava em direitos humanos, justiça social, etc. Foi uma ferrenha defensora dos mesmos, chegando a ir, várias vezes, a dona Luiza Távora, denunciando o que havia no presídio, enfrentando alguns diretores pela causa dos presidiários. Lá também ensinou muitos a ler e escrever, e para isso comprava todo o material didático necessário e levava até eles. Foi com seu trabalho e do seu esposo que fundaram a Santana Textiles, uma empresa multinacional.


Nenhum comentário:

Postar um comentário