FRANCISCA ROCHA
SILVA
Francisca Rocha
Silva (Nenzinha) nasceu em 06 de fevereiro de 1922, na cidade de
Jaguaruana-CE e faleceu em 31 de dezembro de 2010, na cidade de
Cascavel-CE. Filha de Adolfo Francisco da Rocha e Mariana Loureiro
Rocha. Foi à quinta filha de 20 (vinte) irmãos. A origem do seu
apelido Nenzinha vem do seu nascimento, quando seus irmãos diziam
que tinha chegado a nenenzinha, e todos se acostumaram a chamá-la
Nenzinha.
Foi uma filha
dedicada e trabalhadora. Ajudava a sua mãe Mariana na fábrica de
redes e no cuidado com os irmãos. Cursou, em sistema de internato,
até o ginasial no colégio Santa Cecília, depois voltou para
Jaguaruana para ajudar a mãe a fim de manter alguns irmãos no
colégio e na universidade, custeando as despesas de ensino superior
de alguns deles. Foi educada rigidamente da Igreja Católica e desde
jovem se engajou nas obras da Igreja Católica em Jaguaruana. Ainda
adolescente entrou na Congregação das Filhas de Maria, no
Apostolado da Oração e na Ordem Terceira Franciscana.
Enquanto residiu em
Jaguaruana foi um braço forte do Padre Aloísio, ajudando nas obras
assistenciais da paróquia, principalmente nas festas de Santana. Em
06 de outubro de 1949, casou-se com Raimundo Delfino da Silva, com o
qual teve 10 (dez) filhos. Como era acostumada a trabalhar, ao casar,
montou, com a experiência que tinha, uma pequena fábrica de redes.
Ela trabalhava produzindo as redes e Sr. Raimundo saía vendendo nas
feiras do interior do Ceará e Rio Grande do Norte. Depois de algum
tempo, começou a viajar pelo norte do país, principalmente, Belém
e Manaus.
Com a enchente do
açude Orós em 1960, mudou-se para Fortaleza, passando a residir no
São João do Tauape e depois no Montese, onde o casal tinha um
terreno. Lá construíram um galpão e uma casa e passaram a fabricar
as famosas “Redes Santana”, conhecidas em todo o Brasil e
exterior, principalmente, na Europa. Apesar de não ter se graduado,
afirmava que uma pessoa sem estudo não tinha futuro, que a educação
é fundamental na vida de uma pessoa, pois é a única coisa que não
podia ser tirada de quem a possuía. Fazia questão que seus filhos
estudassem nos melhores colégios de Fortaleza e para isso não media
esforços nem sacrifícios. Com essa visão, muitos dos que faziam
parte do seu círculo de amizades estudaram com a sua ajuda
financeira.
Foi uma ardente
defensora do direito de todos saberem ler e escrever. Quando algum
dos seus funcionários não era alfabetizado, ela mesma, os ensinava,
pegando na mão, mandando cobrir o nome pontilhado no caderno, usando
quadro negro com giz (não existia quadro branco com pincel),
mandando fazer cópia e caligrafia para melhorar a letra, pois “todos
tinham o direito de ao menos escrever o nome”, e saber fazer conta
para não ser enganado.
Sua vontade de
dividir o que Deus lhe dava com o próximo era inacreditável.
Durante muitos anos, sua casa foi residência dos filhos de amigos e
familiares de Jaguaruana, que lá moravam para estudar ou fazer
tratamento médico. Quando alguém falava, sempre dizia: “Deus dá
para que possamos dividir, confio nele que nunca vai faltar, ao
contrário, vai sempre aumentar”. Na hora do almoço e jantar,
sempre havia amigos, vizinhos e pessoas necessitadas a partilhar da
sua mesa.
A sua vontade de
catequizar era enorme. Construiu a Capela Santana em um dos sítios
da família (sitio José Maria, divisa de Aquiraz e Horizonte) e na
inauguração promoveu batismo, primeira comunhão e casamento
comunitário, pois eles não podiam viver e serem felizes longe da
graça de Deus. No dia do ancião, das crianças e Natal, sempre
preparava refeição e presentes para serem distribuídos pelos mais
necessitados das comunidades carentes próximas a sua casa. Era uma
alegria, providenciando o cadastramento de todos, antecipadamente,
para que nada faltasse e ninguém voltasse para casa sem levar seu
presente.
Quando os filhos
assumiram a administração da empresa, montou uma pequena fábrica
de redes no IPPS. Isso nos anos 70, onde não se falava em direitos
humanos, justiça social, etc. Foi uma ferrenha defensora dos mesmos,
chegando a ir, várias vezes, a dona Luiza Távora, denunciando o que
havia no presídio, enfrentando alguns diretores pela causa dos
presidiários. Lá também ensinou muitos a ler e escrever, e para
isso comprava todo o material didático necessário e levava até
eles. Foi com seu trabalho e do seu esposo que fundaram a Santana
Textiles, uma empresa multinacional.